Clube dos Oficiais da Polícia Militar do Paraná comemora 65 anos de sua criação
Clube dos Oficiais da Polícia Militar do Paraná comemora 65 anos de sua criação

Clube dos Oficiais da Polícia Militar do Paraná comemora 65 anos de sua criação

Neste ano de 2023 o Clube dos Oficiais da Polícia Militar do Paraná
comemora 65 anos de sua criação. E num evento fortuito, os familiares de
Adolfo Kreitlov (1910-1999) primeiro proprietário da área de terra e idealizador
da bela propriedade no bairro Hauer onde o Clube dos Oficiais tem sua sede
estabelecida, foram convidados a colaborar com a memória desse espaço social.
Da parte da família fica o agradecimento pelo interesse e pela possibilidade de
relembrar um período na vida de Adolfo extremamente profícuo, momento em
que com o seu tino empreendedor conseguiu destaque naquilo que lhe era
particular – a atividade comercial –, tornando-se um empresário respeitado e de
sucesso.


Atendendo então ao convite da Associação dos Oficiais Policiais e
Bombeiros Militares do Estado do Paraná e dos membros da Diretoria do
referido Clube, buscou-se lembranças, fatos e documentos que pudessem dar
identidade à casa. Foi um momento bom, de recordações.


Adolfo Kreitlov, natural de Curitiba, nascido em agosto de 1910, filho de
Emma e Augusto, jogador de basquete talentoso (apesar de sua pouca estatura)
da então Sociedade Beneficente Rio Branco (1), fundada Hanwerker
Unterstützungs Verein em 1884 (2), foi um homem urbano com interesses
urbanos. Prova disso é essa casa que foi um marco construtivo numa parte da
cidade ainda incipiente, e a implementação de ações e benfeitorias que vieram
com a imediata interação do homem empresário na comunidade, a exemplo da
doação do terreno e a constituição física e institucional do rubro negro Vila
Hauer Esporte Clube, em 1955, cujo técnico era o sr. Duia. A diretoria da
agremiação era composta por José Moysés Schelela, Pedro Petryk, Mario
Jaworski, João Lopes Cortiano, todos estabelecidos na região com negócios
e/ou residências. Da mesma forma que fez a doação do terreno que abriga o
Santuário de Santa Rita de Cássia, no Hauer.


Para embasar as pesquisas para este breve histórico recorreu-se ao acervo
do Arquivo Público Municipal, que de maneira solícita repassou informações
que balizaram, agregadas a outros elementos, uma possível data de início das
obras da casa; considerou-se ainda o depoimento de Doroti, hoje com 89 anos
filha de Adolfo que à época da construção tinha 14 para 15 anos e que nos fez
concluir que a cessão da área e a construção da casa foi resultado de uma
parceria profissional entre seu pai e a família Hauer, que tinha como interesse o
loteamento de áreas ao sul da capital, intento este parcialmente realizado e que
abriu caminho para a implantação de bairros importantes e hoje dos mais
populosos de Curitiba, como o Capão Raso, Boqueirão e Vila Hauer, este assim
denominado à época; no entanto, mais do que o vínculo profissional, firmou-se
um vínculo de amizade e confiança entre Adolfo e membros da tradicional
família, especialmente com o sr. Boris Hauer – o clã dos Hauer deixou sua
marca na história de Curitiba e do Paraná em diversas áreas de atividades – que
souberam identificar as qualidades e o tino comercial de Adolfo.


Diante de poucos elementos documentais, recorreu-se novamente à
memória de Doroti, que apontou ter sido o engenheiro e amigo de seu pai
Ernesto Pontoni o responsável pelo projeto da casa e de seu entorno. Este
profissional foi atuante nos anos de 1940, falecido em 2013 aos 92 anos. Por
meio dos documentos oficiais analisados no primeiro momento da pesquisa,
julgou-se que o projeto era de autoria do engenheiro civil Lysis Luiz Moraes de
Castro Vellozo – e uma curiosidade a seu respeito é a de que era um dos doze
filhos do poeta e escritor Dario Persiano de Castro Vellozo, participante do
movimento simbolista no Paraná criador do Instituto Neopitagórico e do
Templo das Musas, local de reunião de intelectuais. No entanto, o possível
projeto de construção assinado por Pontoni infelizmente não foi localizado, mas
até onde as pesquisas puderam alcançar as obras tiveram início entre os anos de
1948/1949, sendo acompanhadas de perto sob o olhar criterioso e sempre
exigente de Adolfo e pelo trabalho profissional do mestre de obras e seus
ajudantes, que infelizmente se mantêm no anonimato.


Chamada de Vila, como assim se denominavam as casas mais elaboradas
em termos arquitetônicos da Curitiba do início aos meados do século XX, ela se
destacava pelo aspecto e alguma contribuição arquitetônica europeia. Mesmo
que a simplicidade do estilo arquitetônico tenha prevalecido na vista externa,
não se distanciou da influência estrangeira bem demonstrada no telhado
acentuado, abrigando sótão ou segundo piso. Em Curitiba os vários grupos


imigrados, dentre eles os italianos e alemães, contribuíram para transformar a
arquitetura e modernizar a cidade que se desenvolveu com características
construtivas próprias desses povos e impulsionada por planos urbanísticos
adotados na cidade que crescia – naquele momento vigorava o Plano Agache,
considerado o primeiro Plano Diretor de Curitiba.


Neste exemplo, em particular, não havia os elementos artísticos usados
na maioria dos solares e vilas mais ao centro da capital à época; talvez por
localizar-se em uma área muito pouco povoada e carente de benfeitorias
públicas, porque fora do perímetro urbano, em terreno bastante alagadiço
banhado mesmo com uma exuberante mata de araucárias: a escolha privilegiou
linhas retas e sem adornos externos. Na imagem colhida do Boletim Casa
Romário Martins (3) vê-se a longa e quase deserta avenida Mal. Floriano
Peixoto que se projetava em direção ao sul do município em 1950, justamente
quando a casa tem a sua construção finalizada.


No entanto, a construção de alvenaria sólida e bem acabada, o
paisagismo impecável, as estufas para abrigar um orquidário e o calçamento em
petit pavé decorado davam um toque aprimorado à residência, murada em toda
a sua extensão de 13.200m.


No que toca ao seu aspecto interno haviam elementos diferenciais e até
esmerados. No livro A Arte do Bem Viver (4) vê-se a descrição do interior das
casas projetadas por arquitetos no início até meados do sec. XX com elementos
que se aproximam do que havia na casa, notadamente na área social, como “a
composição eclética que destaca a localização da sala de visitas por intermédio
de grande abertura finalizada em arco […], acompanhando a curvatura”, e essa
especificidade pode ser observada na foto de casamento de Doroti (5), em 1953,
momento especial e sofisticado em que a bela residência foi “descoberta” pela
alta sociedade de então, que ali se reuniu na ocasião. Destaque também para o
quarto de vestir, suíte, área de serviço, cozinha e despensa independentes e
escadaria em madeira de lei.


Por fim, a casa e todo o seu entorno foi um espaço privilegiado em todos
os sentidos, e que se mantém nas melhores lembranças daqueles que a
usufruíram. Privilégio agora estendido a toda família associativa dos Policiais
Militares do Estado do Paraná, a quem também agradecemos.


Dorothi Kreitlov Jaworski, filha
Denise Jaworski Carvalho, neta
Mariliz Jaworski Schneider, neta
Daysi L. Ramos, sobr.


Referências
(1) Fotografando Curitiba
<http://www.fotografandocuritiba.com.br
(2) Clube Rio Branco [site] História do Clube. Disponível em
http://cluberiobranco.com.br/institucional/
(3) Boletim Casa Romário Martins. O Acervo Wischeral: Documentos de um
olhar. Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, v.31, n.134, 2007, p.75.
(4) A Arte do Bem Viver. Zulmara C. S. Posse e Elisabeth A. de Castro, Curitiba:
Edição das Autoras, 2012
(5) Foto Brasil (estúdio fotográfico criado em 1931), 1953

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